GOMES, Plinio Freire. Volta ao mundo por ouvir-dizer: Redes de informação e a cultura
geográfica do Renascimento. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N.
Sér.v.17.n.1.p.113-135. Jan.- jun. 2009.
Plinio Freire Gomes nasceu em São
Paulo, em 1967. Formou-se e fez mestrado no Departamento de História da
Universidade de São Paulo, onde defendeu em 1994 o trabalho que deu origem a Um herege vai ao paraíso.
Objeto: Redes de
informação e cultura geográfica do Renascimento.
Resumo: Ao privilegia
o senso de observação curiosidade e a busca pelo aprimoramento intelectual, a
cultura renascentista foi um fator determinante na criação do viajante moderno.
Com as navegações o sonho em descobrir novas terras aumenta, com os
descobrimentos, muitos dos letrados se interessaram em conhecer estes locais,
mas estas excursões eram feitas em segurança em seus gabinetes através das
enciclopédias cartográficas. Estas expedições imaginarias dos estudiosos de
gabinete tinha tanta relevância cognitiva e legitimidade quanto dos viajantes
autênticos. Nesta época o saber geográfico passa a ser de interesse
estratégico, pois a Coroa Ibérica esta em constante conflito com as outras
potências emergentes. Por isso seus descobrimentos não poderiam se expostos,
mas para poder legitimar a posse destas terras tiveras que divulga-las. Foram
às redes não oficiais de informação o verdadeiro motor de transformação da
geografia renascentista, estas redes colocaram dados relativos à Ásia, África e
América a disposição dos cosmógrafos, e construiu assim o núcleo fundamental da
cartografia quinhentista.
Palavras-Chave: Redes de
informação, Geografia, Renascimento, Cartografia, Descobrimento.
Principais
parágrafos da obra:
”Estamos, enfim, diante de um grupo
sociologicamente heterogêneo, mas bastante coeso do ponto de vista cultural.
Compartilhando os mesmos valores, viajantes e cosmógrafos atuaram juntos na
tarefa de inserir as terras recém-descobertas na ordem do mundo conhecido” (p.
118).
Os cosmógrafos eram em sua maioria estudiosos de
gabinete que utilizavam as histórias dos viajantes, para conhecer as novas
terras e assim remonta-la, sem os viajantes eles não conseguiriam descrever as
rotas marítimas e as terras, mas porem os escritos dos viajantes eram
fragmentados e faltava uma linguagem mas intelectual, por isso ambos se
completam.
“O historiador português Jaime Cortesão sugeriu
que a cartografia e a arte da navegação constituíam o saber tecnológico mais
cobiçado na época. Com base em numerosos documentos oficiais, ele sustentou que
os governos ibéricos exerceram um controle ferrenho sobre as notícias do
ultramar” (p. 124).
Os governos ibéricos estavam em conflito contra
outras potencias emergentes, e a geografia se tornou de interesse estratégico,
e para que as descobertas ficassem em segredo não poderia ser divulgado, mas
posteriormente fez-se necessário a divulgação para autentica a posse destas
terras.
“O aparato burocrático e os interesses de Estado
cumpriram, não resta dúvida, um papel importante, mas foram as redes
não-oficiais de informação o verdadeiro motor de transformação da geografia
renascentista. Em última análise, foram elas, as redes, a permitir que a nação
cautelosa e sedentária dos letrados, gente como Ariosto, embarcasse em seus
mapas e desse a volta ao mundo... por ouvir-dizer”(p. 132)
As fontes não oficiais de tripulantes e outros
viajantes serviram para que estudiosos pudessem viajar sem sair de seu
gabinete, assim através de seus mapas estes poderiam viajar por todo o mundo,
através do que eles ouviam dizer sobre estes locais.
Comentários
Pessoais:
O
texto é interessando, pois retrata muito bem a construção cartográfica no
período das Descobertas, remontando a importância do saber geográfico, para
questões estratégicas, e como os estudiosos sem sair de seu gabinete viajava
por todo o mundo utilizando as fontes não oficiais dos viajantes autênticos, já
que a maioria dos letrados não saiam do conforto de seu gabinete.
O
texto retratou até algumas figuras para poder explicar determinadas questões
como o caso de Monsieur Ouï-diere (o senhor Dizer-sim), este personagem teria o
dom de discursar contemporaneamente em diversos idiomas, mas, cego e
paralítico, estava condenado a nunca sair do mesmo lugar, e os discípulos deste
sábio eram estudiosos que caíram na armadilha de honrar uma ciência, a
cosmografia, cuja regra fundamental era dizer sim a tudo, esta figura foi
criada por Robelais.
O
texto remonta coisas interessantes como as redes de informação não oficiais, a
cultura geográfica renascentista, os Descobrimentos, a história da cartografia,
a cosmografia e o Estado em transformação por causa de todos esses fatores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário