sábado, 6 de outubro de 2012

Volta ao mundo por ouvir-dizer: Redes de informação e a cultura geográfica do Renascimento


GOMES, Plinio Freire. Volta ao mundo por ouvir-dizer: Redes de informação e a cultura geográfica do Renascimento. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér.v.17.n.1.p.113-135. Jan.- jun. 2009.

Plinio Freire Gomes nasceu em São Paulo, em 1967. Formou-se e fez mestrado no Departamento de História da Universidade de São Paulo, onde defendeu em 1994 o trabalho que deu origem a Um herege vai ao paraíso.

Objeto: Redes de informação e cultura geográfica do Renascimento.

Resumo: Ao privilegia o senso de observação curiosidade e a busca pelo aprimoramento intelectual, a cultura renascentista foi um fator determinante na criação do viajante moderno. Com as navegações o sonho em descobrir novas terras aumenta, com os descobrimentos, muitos dos letrados se interessaram em conhecer estes locais, mas estas excursões eram feitas em segurança em seus gabinetes através das enciclopédias cartográficas. Estas expedições imaginarias dos estudiosos de gabinete tinha tanta relevância cognitiva e legitimidade quanto dos viajantes autênticos. Nesta época o saber geográfico passa a ser de interesse estratégico, pois a Coroa Ibérica esta em constante conflito com as outras potências emergentes. Por isso seus descobrimentos não poderiam se expostos, mas para poder legitimar a posse destas terras tiveras que divulga-las. Foram às redes não oficiais de informação o verdadeiro motor de transformação da geografia renascentista, estas redes colocaram dados relativos à Ásia, África e América a disposição dos cosmógrafos, e construiu assim o núcleo fundamental da cartografia quinhentista.

Palavras-Chave: Redes de informação, Geografia, Renascimento, Cartografia, Descobrimento.

Principais parágrafos da obra:
”Estamos, enfim, diante de um grupo sociologicamente heterogêneo, mas bastante coeso do ponto de vista cultural. Compartilhando os mesmos valores, viajantes e cosmógrafos atuaram juntos na tarefa de inserir as terras recém-descobertas na ordem do mundo conhecido” (p. 118).
Os cosmógrafos eram em sua maioria estudiosos de gabinete que utilizavam as histórias dos viajantes, para conhecer as novas terras e assim remonta-la, sem os viajantes eles não conseguiriam descrever as rotas marítimas e as terras, mas porem os escritos dos viajantes eram fragmentados e faltava uma linguagem mas intelectual, por isso ambos se completam.
O historiador português Jaime Cortesão sugeriu que a cartografia e a arte da navegação constituíam o saber tecnológico mais cobiçado na época. Com base em numerosos documentos oficiais, ele sustentou que os governos ibéricos exerceram um controle ferrenho sobre as notícias do ultramar” (p. 124).
Os governos ibéricos estavam em conflito contra outras potencias emergentes, e a geografia se tornou de interesse estratégico, e para que as descobertas ficassem em segredo não poderia ser divulgado, mas posteriormente fez-se necessário a divulgação para autentica a posse destas terras.
“O aparato burocrático e os interesses de Estado cumpriram, não resta dúvida, um papel importante, mas foram as redes não-oficiais de informação o verdadeiro motor de transformação da geografia renascentista. Em última análise, foram elas, as redes, a permitir que a nação cautelosa e sedentária dos letrados, gente como Ariosto, embarcasse em seus mapas e desse a volta ao mundo... por ouvir-dizer”(p. 132)
As fontes não oficiais de tripulantes e outros viajantes serviram para que estudiosos pudessem viajar sem sair de seu gabinete, assim através de seus mapas estes poderiam viajar por todo o mundo, através do que eles ouviam dizer sobre estes locais.

Comentários Pessoais:

            O texto é interessando, pois retrata muito bem a construção cartográfica no período das Descobertas, remontando a importância do saber geográfico, para questões estratégicas, e como os estudiosos sem sair de seu gabinete viajava por todo o mundo utilizando as fontes não oficiais dos viajantes autênticos, já que a maioria dos letrados não saiam do conforto de seu gabinete.
            O texto retratou até algumas figuras para poder explicar determinadas questões como o caso de Monsieur Ouï-diere (o senhor Dizer-sim), este personagem teria o dom de discursar contemporaneamente em diversos idiomas, mas, cego e paralítico, estava condenado a nunca sair do mesmo lugar, e os discípulos deste sábio eram estudiosos que caíram na armadilha de honrar uma ciência, a cosmografia, cuja regra fundamental era dizer sim a tudo, esta figura foi criada por Robelais.
            O texto remonta coisas interessantes como as redes de informação não oficiais, a cultura geográfica renascentista, os Descobrimentos, a história da cartografia, a cosmografia e o Estado em transformação por causa de todos esses fatores.

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